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Itália - Parte I - Sonho ou realidade

Em 2016, ainda que intimamente descrente, aceitei o convite para ir à Itália.
Já te ocorreu a vontade de fazer algo, mas lá no fundo não tinha certeza de que fosse capaz?
Ou ainda, já ouviu aquela lenda de que quando você quer alguma coisa, o universo inteiro conspira a teu favor?
A primeira opção era uma certeza, quando Mauro e Tati me convidaram, aceitei mesmo que não acreditasse que seria capaz de cruzar o oceano.
Às vezes, quando nos lançamos ao desconhecido, muitas das coisas que constituem a nossa história e nossas raízes voltam  a nos assombrar, seja para inibir nosso próximo passo, ou fortalecer a desejo de avançar. Criada no interior de Minas Gerais, filha de pais que nunca se falam, uma mãe restauradora e um pai engenheiro da boemia, irmã de pessoas amorosas, algumas delas desconhecidas... pensei mesmo que não iria.
Em 2016
Quando chegou o momento de comprar a passagem, estremeci. Havia a euforia de Ana, companheira de viagem, inquirindo uma decisão imediata, no meio do horário de expediente. Retrai, não avancei.
Mauro e Tati me ajudaram, todo o tempo me ajudaram. Incrível como eles entendem o tempo que tenho para processar e digerir as informações.
Creio que atraímos para nossas vidas pessoas que nos entendem e outras que nos testam. As que nos entendem sabem da força que temos para seguir adiante, mesmo que no caminho tenhamos de passar por alguns espinhos. As que nos testam são como provocadores, nem sempre entendem quem somos ou como somos, mas nos provocam pela força contrária que têm.
Mauro e Tati passaram uma manhã de sábado inteira comigo, ajudando a pesquisar passagem e tentando encaixar-me no melhor preço e na companhia de Ana e Fernanda, para que eu não ficasse com medo de viajar sozinha. Sem eles possivelmente não teria dado este passo e tantos outros que me levaram a outro continente.

Agora sei que é verdade, quando aceitei ir à Itália, todo o universo trabalhou para que eu realmente fosse. Mas que estivesse lá, antes de mais nada, por uma centena de escolhas que fiz sozinha, com a presença de espírito que me cabe como ser humano.

Passei a vida tendo emoções fortes que se pareciam com sonhos adormecidos, como se não fossem a realidade e eu estivesse definitivamente anestesiada por dentro.
Quando cheguei à Europa quis romper a bolha que me isolava do mundo.
Às vezes na tentativa tola de protegermos nossas mais profundas fragilidades criamos camadas e mais camadas de proteção, e quando despertamos já não sabemos mais o que são máscaras de emoções e o que são emoções verdadeiras.
Quando imprimi a passagem, pensei: desta vez será diferente!
Farei 40 anos em breve e na Itália decidi viver 40 emoções verdadeiras.
Agora um mundo de possibilidades está aberto e todas as limitações, que antes pareciam impedir-me de ultrapassar fronteiras, são menores.

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