A casa é o mundo Como não tenho teto, cubro o pensamento só com a lua A lua é fria, já chegou o inverno No tempo que era criança... Minha avó tinha um cobertor azul cheio de bolinhas Eu amava aquela coberta! Enrolada-me nela e o tempo deixava de ser tempo Eu era abraço Abraço de vó que às vezes cheira a naftalina A casa é o mundo Parei de juntar aquele monte de coisas Que não servem enfim para nada Eu junto o eu: quebrado, dissonante e repartido O eu bom, o eu feliz e o egoísta, preso e aborrecido Há tantos cacos de mim, quantos estrelas nesta noite A lua é fria e as estrelas são quentes De algum modo é nessa bagunça que se faz o céu e a gente! Érica Alcantt jun/2023 Oficina: A voz das mulheres negras na literatura brasileira , coordenada por Bruna Motta Sobre Carolina Maria de Jesus Oficinas Culturais - Programa de Formação para o Interior, Litoral e RMSP Poiesis
Todo mundo tem histórias para contar. Eu quero escrever a sua. Vamos lá?