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 Até você vir  O vento era tudo Que ia, que vinha  Até você vir O tempo passava Eu o sentia, lânguido Agora tudo é brisa O tempo desliza Suaves rompantes Coram-me a face Cartas ridículas Cartas eróticas Seu corpo pálido Minha pele morena Seu corpo nu Minha alma despida Érica Alcântara

Sobre a prova de Deus

 Setembro de 2004, sentada na varanda de casa reflito sobre Deus. Mais ainda, sobre as instituições que insistem em representá-lo. Tenho 27 anos e ainda não encontrei aquela em que nossas virtudes são valorizadas apenas por serem virtudes...  Não. O amor por elas defendido é sempre condicionado, por isso, há sempre um preço a pagar. O amor nestes termos perde toda a pureza original. A ideia que me ocorre não está ligada a comprovação do divino, mas ao fato de que a simples reflexão sobre o mesmo deveria em si mesmo nos libertar para uma lógica em a palavra racional venha antes do animal... numa equação simples em que ser humano = racional-animal! Como trazer o olhar para o que nos faz singulares e universais. A dura verdade, a verdade difícil de digerir é que no fundo-no-fundo não dá para provar a existência de Deus, porque as provas concretas o reduzem a condições limitadas de nossa própria existência. Reduzir é tirar de Deus sua onipotência, é transformar o Criador em criatura. Érica

Dia das mães

Tenho sentido sua falta do cheiro melado de seu suor de sua crista de sabichona sempre a apontar, feito sargento: "vem por aqui!" sempre delicada aos outros e dura feito aço aos de dentro fundação tem de ser firme, é de se compreender! restaura até os anjos mas vive encrencada com a tecnologia Ai que saudades d'ocê Dia das Mães chega e a distância parece crescer Minas parece mais o Japão Você não vem, e eu? sempre trabalhando, trabalhando... Érica Alcântara maio/2010

Impulso

Dentro de mim há cavalos correndo pelo cerrado, a terra treme, o vento no rosto, o ar em todo o corpo, ar por entre ossos, ar por entre curvas dos rios que moram em mim. Dentro de mim há mais vida que fora, dentro de mim há mais mistérios que eu posso contar, estou entre aquela que se perde e se acha no mesmo instante, estou entre a luz e a escuridão, entre portas cerradas e janelas escancaradas. O dia em mim é sempre ensolarado, e a chuva não deixa o dia triste, a chuva em mim é alimento. Érica Alcântara abril/2010

Carta de nascimento

… e de repente, como uma melodia, minha médica diz: Ana, faremos uma cesariana...Você não vai aguentar mais essas contrações sem ter dilatação. Senti um alívio, estava há 10 horas já tendo as famosas contrações. Ninguém merece aquilo.   Rapidamente fui colocada em uma cadeira de rodas. Passei pelas tias, irmão, amigos em direção ao Bloco Cirúrgico. Não sei quem chorava mais. Certamente eu. Meu bebê estava a caminho mesmo. Que expectativa!   Prontamente me ligaram eletrodos, puxa veia aqui, mede pressão ali, uma picada gelada na coluna e não sentia mais nada. Minha mãe segurava forte a minha mão, enquanto a parentada se revezava no vidro acompanhando o parto.   Minha médica me visou que sentiria naquele momento uma pressão. Fiquei atenta. Senti a tal pressão, confundi com falta de ar e quando eu já ía reclamar, ouvi o 1º choro do meu bebê.   Uma emoção sem medidas, uma grandeza de sentimento. Meu Paulo é saudável e grande. Toda a equipe comentou. Todos estavam muito emocionados e felize

Direção

Ontem à noite venceu o medo.  Quando virou a chave do carro pensou nos riscos à frente.  Tremeu, tremeu e tremeu, por dentro e por fora também. Acendeu os faróis, apertou os cintos e chegou ao destino. O destino é o fim? Não. Às vezes, o destino é só o começo. Érica Alcântara Nov. / 2015