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Mostrando postagens de maio 6, 2013

Retrato de família

Estende a mão pequenina, pede misericórdia. O choro engasgado na garganta, a roupa molhada, gelada, resfria o corpo miúdo, depois o som estrondoso da madeira se partindo, das lembranças em sangria pelo chão do banheiro. Uma parte de mim viu o menino cair sobre o piso frio, ser erguido pelos pés e de ponta cabeça tomar o banho gelado para esconder as feridas. Foi o relato da mãe expectadora que me colocou na cena, e na noite que o bebê lutou para sobreviver à mão pesada do padrasto voltei para casa chorando. Mas por que chorar por uma criança de dois anos que eu sequer conheço? Simplesmente por que alguém tem que fazer isso. Deixar-se tocar pela informação, de modo que nosso dia-a-dia não se transforme numa porção de más notícias, que passam por nós sem por isso nos causar nenhuma reação, indignação. Exerço meu direito de indignar-me contra a violência e não aceitá-la como parte de minha existência. E não desejo para ninguém essa espécie de anestesiamento, inércia, que fazem d