Amor na lavandaria


Nada é óbvio. Nada. As coisas são como são pelas cores que pintamos por pura teimosia! As coisas não são apenas coisas, são vidas que tocamos sem dar por isso a dimensão que têm. 

Aprendi o que é o amor com a poesia e todas às vezes que as li, nunca eram as mesmas. Eu havia mudado, as palavras tinham se colado a outros sentidos...

Nada é óbvio em nós, nossa solidão, nossas multidões internas e o desejo teimoso em desejar mais e mais, abundantemente. 

Fui a lavandaria e lá só havia homens: um grande, outro perdido, um vestia camisa de guitarras espanholas, outro bermuda de conchas coloridas. O franzino dobra as peças deitando uma a uma na secadora como se abraçassem todas as camisas, calças e lençóis. 

Escrevo sobre o amor sentada num lugar sem amor algum? Existe amor lavado com sabão e amaciante? Quando terminar, tudo que tenho na centrifugação terá o mesmo cheiro dos outros. 

O sabão nos une em segredo!

Nem sempre é amor o que nos une a todos.

Pensamentos alheios na lavandaria.

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