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De Mito à Imbrochável

07 de setembro de 2022
Em defesa da família, da pátria e de Deus. O mito é realmente especialista em família, afinal casou-se três vezes, possivelmente, para se especializar no assunto. E quem pode criticar? Quando não dá mais, não dá mais! E o que se pode fazer, família continua sendo família apesar dos divórcios.

A pátria é realmente a sua casa, onde se pode dizer tudo sem decoro ou vergonha. Afinal, vergonha do quê?  Quando não se gosta de um assunto, coloca-o na caixa dos sigilos seculares, bancados por orçamentos secretos. Porque quando se trata de mito não é preciso ver para crer. Mito é mito e cada qual adere aos próprios heróis quantas características imagináveis incríveis quiser.

E sinceramente, não vale a pena brigar, contra a fé não há argumentos. Como o bezerro adorado no monte, o mito segue reluzente no cargo mais alto do poder, banhado de “ouro” e, talvez, de “sangue”, mas só teremos certeza disso em cem anos!

E Deus vira ferramenta, um instrumento de agregação de valor a serviço do homem. Mas, deveria Deus ser reduzido a frases de efeito de um slogam de campanha? O tipo de fé que alimento não me permite tal feito.

Agora vamos aos fatos, ciente de que o eleitorado feminino é majoritário e que serão as mulheres que decidirão se o mito fica ou sai, neste último 07 de setembro, diante de milhares de fiéis o mito usou a esposa para reafirmar a própria masculinidade. O imbrochável!

Ele mesmo puxou o coro na boca de milhares de famílias: Imbrochável! Imbrochável! Imbrochável! Talvez tenha passado pela cabeça dele: Se não subo nas pesquisas com o discurso mitológico, porque não apelar para o sexo? Mas não é qualquer sexo, o imbrochável só faz o sexo abençoado pelos bons e velhos costumes: o sexo com a princesa!

E não poderia ser outra imagem: a princesa representa aquele arquétipo de mulher indefesa que, incapaz de lidar com seus próprios problemas, depende do príncipe para salvá-la.

Eu imaginei nos milhares de lares deste país, sentadas diante da TV e perplexas, todas as mães que criam seus filhos sozinhas, que trabalham em um ou mais empregos para sustentar a casa e, às vezes, até para manter o companheiro. O que teria passado pela cabeça destas mulheres ao ver o imbrochável evocar a imagem pejorativa da mulher princesa?

De acordo com o IBGE, em 2010, 41% das famílias de baixa renda eram chefiadas por mulheres. Em 2022, pós pandemia, a estimativa é de que este dado tenha aumentado e/ou ultrapassado os 50%.

No Brasil, os dados apontam que as princesas estão de fato em extinção e milhares de amazonas estudam e trabalham diariamente em busca do sustento de seus lares. E eu me coloco nesta lista de mulheres com um orgulho de fazer encher meu coração de brilho.

Por isso, nestas eleições, se me permite uma sugestão, escolha candidatos que realmente respeitam a realidade do país e a força feminina que fundamenta e sustenta esta nação.

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