… e de repente, como uma melodia, minha médica diz:
Ana, faremos uma cesariana...Você não vai aguentar mais
essas contrações sem ter dilatação. Senti um alívio, estava há 10 horas já tendo
as famosas contrações. Ninguém merece aquilo.
Rapidamente fui colocada em uma cadeira de rodas. Passei
pelas tias, irmão, amigos em direção ao Bloco Cirúrgico. Não sei quem chorava
mais. Certamente eu. Meu bebê estava a caminho mesmo. Que expectativa!
Prontamente me ligaram eletrodos, puxa veia aqui, mede
pressão ali, uma picada gelada na coluna e não sentia mais nada. Minha mãe
segurava forte a minha mão, enquanto a parentada se revezava no vidro
acompanhando o parto.
Minha médica me visou que sentiria naquele momento
uma pressão. Fiquei atenta. Senti a tal pressão, confundi com falta de ar e
quando eu já ía reclamar, ouvi o 1º choro do meu bebê.
Uma emoção sem medidas, uma grandeza de sentimento. Meu
Paulo é saudável e grande. Toda a equipe comentou. Todos estavam muito
emocionados e felizes.
Queridos titios(as),
Não pude avisar antes, deixei que a notícia se espalhasse.
Paulo nasceu. É um lindo bebê. Uma alma pura, um amor diferente. Estou
diferente. Estou cheia de amor e de dom materno. Estou chorona, com pontos e de
repouso, mas muito muito feliz. Plena e realizada como mulher. Admirada com essa
obra divina.
Saudades, bjo
Ana Martins
*Os nomes verdadeiros foram trocados. Essa é a carta e a história real do nascimento do filho de uma das minhas melhores amigas.
A morte não é um espaço preciso, a se resumir em data e hora específicas, como os documentos resumem em “start and off”. Quando, na sala de cirurgia, o médico diz: “Acabou. Não se pode fazer mais nada”, a vida se remexe inteira em outro plano, reivindicando novos espaços de saber. A primeira lembrança marcante que tenho do Matheus já era um convite a novos saberes. Ele estagiava no jornal e eu, como tutora, era responsável por ajudá-lo a produzir reportagens que atendessem a critérios de imparcialidade, impessoalidade, clareza e outras coisinhas éticas das quais não abríamos mão. Lembro-me do dia em que Matheus foi escalado para fazer uma reportagem sobre um acidente em andamento. Na entrada de Santa Isabel, um motorista encontrava-se preso às ferragens. No local dos fatos, o jornal chegou antes da equipa de socorro, e Matheus recebeu a instrução: converse com o motorista até a ambulância chegar. Ele ficou na cabine, com o corpo abaixado, conversando com o homem ferido, que chorava mui
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