Sexo com compromisso
Por Érica Alcântara
Quase... sempre que um homem, desprovido de argumentos, quer
destruir (ou rebaixar) a imagem de uma mulher ele joga ela em alguma cama (na
dele ou de outros). E digo, sem medo de errar, que o problema é antigo, não
começou hoje. Explico:
Na Bíblia a mulher verdadeiramente boa é a virgem, que é
capaz de dar à luz sem ter sentido prazer algum. Mas a mulher que peregrina ao
lado de Cristo, que o apoia na jornada de evangelização e, possivelmente se
torna o 13º discípulo, essa mulher é marcada na história como a prostituta.
E na balança de nossa moralidade, ainda tão obsoleta, as putas não merecem respeito. Por isso, existem tantos filhos da puta. E o jeito certo de começar uma briga é jogar a mãe (quase virginal) na cama de muitos homens.
Então, quase que tradicionalmente, quando um homem se sente
ameaçado por uma mulher, seja no trabalho, na academia, até na fila do
supermercado, o que ele faz é jogar a mulher numa cama sem compromissos.
E não estão sozinhos, há muitas mulheres que reproduzem
isso, filhas de um machismo estrutural tão arcaico quanto o racismo. Por isso, muitas
chamam de vadias, as mulheres que lhes causam desconforto.
Mas já me alonguei demais no que deveria ser apenas uma
introdução, feita especificamente para provocar uma reflexão. Estamos numa
sociedade que adora jogar mulheres numa cama vazia de compromissos, como se
isso para elas fosse proibido.
Acredito que é uma estratégia vulgar de tentar mantê-las
sempre distantes das mesas que realmente decidem os rumos de uma nação gigante.
Enquanto isso, em plena pandemia, o Governo Federal que sustenta
a faixa de conservador, aparentemente superfaturou em 143% a compra de 35.320
comprimidos de viagra. Para piorar, pagou R$3,5 milhões em 60 próteses penianas
infláveis, depois de negar a compra de absorventes para meninas e mulheres de
baixa renda.
Ao que parece, a cama mais cara para o Brasil é aquela, cujo
gozo, depende exclusivamente dos nossos impostos. E é dela que cabe a cobrança
e o compromisso irrestrito de prestar contas.
Todo resto não é da nossa conta!
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