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Leitura


Estou quase no fim. A última página se aproxima como uma tragédia anunciada que logo invém. Quando terminá-la perderei a humanidade que sou na tua presença e essa ausência me dói antes mesmo que se realize.

Sou uma pessoa que ama prefácios e páginas surpresas de livros que nunca termino. Tenho sido escrava de meus prazeres, sigo até o lugar onde o amor alcança o ápice e lá permaneço, sobrevoando minha felicidade sem ponto final, nem reticências.

Quando terminar, serei mais órfã que antes de o ter lido porque saberei o gosto amargo ou doce de tuas palavras (antes desconhecidas). E ninguém sente saudades do que nunca teve. Na caixa do nada, nada falta, porque nada existe, ou exige.

O nada confortavelmente nos abraça, como a ignorância fofa dos bebês na infância.  Quando terminar, não seremos mais inocentes. Outra coisa advém, o eu que antecipa o fim de cada página, o eu do livro fechado e solitário na estante.

E tudo que sou agora, sou pela relação que ainda o temos. Cada capítulo me domina e me liberta. Atravesso portas que se tornam pequenas demais para voltar, e sou mais daquilo que me toca a alma e me alimenta.

Érica Alcântara

12/04/2022

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