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Romaria – a fé de transpor desafios



De 01/10 até ontem pela manhã, 11/10, 6.646 romeiros passaram pela via Dutra. O Rancho da Pamonha recebeu o grupo “Somos de Imaculada”, que ofereceram apoio e alimentos aos romeiros


Por Érica Alcântara

Cerca de duas mil pessoas passaram por Santa Isabel rumo a Aparecida pela Rodovia Presidente Dutra, essa contagem é da Vera Lucia Mendonça Santos, proprietária do Rancho da Pamonha, onde um grupo de fiéis montou um ponto de apoio, com direito a capela, missa e bênçãos de párocos também em romaria.
Em uma hora no local a reportagem ouviu uma centena de relatos dos pequenos e grandes milagres do dia a dia. Alguns provocam arrepios e a impressão de que a solidariedade voluntária é capaz de mover e renovar a força nas pernas, tanto quanto, ou mais, que os limites da idade ou das condições físicas.
Gordo ou magro, alto ou baixo, pré-adolescentes, jovens, adultos e idosos, qualquer pessoa que se disponha a olhar com atenção viu gerações inteiras circulando por uma estrada movimentada pela fé, mais que pelo veio econômico de caminhões que insistiram em buzinar, fom-fom, saudando os grupos mais numerosos de romeiros.



O filho de Renata
Quando o filho de Renata nasceu, os médicos identificaram que a criança tinha uma má formação no coração. Foi necessário realizar cirurgias para correção, mas a criança tinha a delicadeza de um recém-nascido e não suportou as manobras médicas, foi declarada morta e por cerca de 20 minutos o coração do bebê parou de bater.
Os pais oraram para Nossa Senhora Aparecida e a criança nasceu de novo, retornando a vida com o choro tão forte como o de um bebê que nunca tivera problemas. Em agradecimento ao milagre, os pais prometeram fazer a romaria todo ano.
Contudo, este ano Renata não conseguiu dispensa do trabalho e seus amigos prometeram fazer algo para que a promessa não fosse quebrada. Em menos de um mês, reuniram diversos grupos dentro de igrejas e paróquias da capital paulista e formaram uma grande equipe de apoio: a “Somos da Imaculada”.
No Rancho da Pamonha encontraram uma mulher de fé, a Vera, capaz de disponibilizar espaço coberto, banheiros e a infraestrutura necessária, como a energia para o freezer, para abrigar romeiros e voluntários. Foram arrecadadas doações em alimentos, roupas e sapatos para serem distribuídos de sábado à quarta-feira, 11/10. Além disso, uma equipe de enfermeiros, fisioterapeutas e massagistas de revezaram para dar o suporte aos pés cansados.
Na despedida, antes de desmontar o ponto de apoio o grupo rezou, depois trouxe uma mulher vestida com o manto da imaculada, para abraçar e abençoar os últimos romeiros que passaram a pé por Santa Isabel

Números da CCR
Este ano três romeiros morreram atropelados na rodovia, em 2018 foram 10 mortes registradas.  “O romeiro acredita que a o acostamento é um local seguro para realizar sua peregrinação, mas esquecem que o acostamento é um local para paradas de emergências de veículos e o risco de um atropelamento é grande. Sem contar que a Dutra tem mais de mil acessos, entradas e saídas de cidades e postos de serviços, as travessias de trevos e acessos, aumentam o risco de atropelamentos. Não temos como proibir a manifestação de fé na rodovia, mas há uma necessidade urgente da sociedade entender os riscos de caminhar pelo acostamento da via Dutra”, explica o gestor de Atendimento da CCR NovaDutra, Virgílio Leocádio.
A Concessionária destaca que a Rota da Luz é um caminho seguro, criado pelo Governo de São Paulo para realizar esse tipo de manifestação. Quem já está na via Dutra pode acessar a Rota da Luz pelo:
KM 97,600 – Pindamonhangaba – Estrada Municipal Pinhão do Borba – o peregrino entra direto na Rota da Luz;
KM 80 – Roseira Posto Paineiras – Acesso a SP 66 - o peregrino entra direto na Rota da Luz;
KM 74 – Aparecida – Acesso ao Santuário – evita a utilização da terceira faixa de rolamento com a mesma distância que seria percorrida na rodovia.
Mais informações podem ser obtidas pelo site www.rotadaluzsp.com.br/






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