Páscoa fora de contexto
Sobre os guardas apagarem o tapete em que escreveram o homenagem à Marielle Franco, em Ouro Preto:
- Os tapetes são uma tradição religiosa. Então, até que Marielle seja canonizada, escrever seu nome no tapete da Semana Santa, mesmo que para prestar homenagem, me parece fora do contexto.
- Em meio às críticas, a Guarda Civil informou: "que a liberdade de expressão não é absoluta ainda mais quando outros direitos estão sendo afetados".
- 😲🤦🏻♀️Oi? Quais direitos foram afetados? De expressão religiosa? Balela, tinha tapete religioso na cidade toda. A expressão religiosa não foi afetada por meio metro de homenagem.
- A palavra apagada, assim como a vida de Marielle, criou mais força depois de ser pisada pela força armada que a homenagem em si. Apagar gerou mais repercussão que deixar o nome na rua, então, a Guarda Civil só ampliou a liberdade de expressão! O que parece contradição, mas não é. 🤔
- Qual é o dever da Guarda Municipal? Fiscal de tapete da semana santa? Sério mesmo? Penso que o Guarda, neste caso, estava também fora de contexto.
- A tradição dos tapetes é da Igreja ou do Estado? Quem coordena? Quem distribui o material? Quem paga pelo material? Esta ação me fez querer saber mais sobre a construção das obras e a falta de cadastro e organização dos produtores do evento, que deve orientar que estilo de arte está dentro do contexto. Alguém sabe? Chiquinho de Assis? Julliano Mendes? Marcelino Xibil Ramos?
- Em um dos vídeos que assisti era só gritaria, baruelheria, não era homenagem, também não vi como protesto. Parecia uma reunião de adolescentes e o narrador do vídeo confunde a descrição do que o guarda está apagando, primeiro ele diz: que é manifestação pacífica (com aquele barulho?); depois ele muda diz que o guarda está apagando uma tradição. 🤦🏻♀️ Neste vídeo o guarda pede para o cinegrafista: "mais respeito com Ouro Preto". Concordo com ele. Não era a hora do grito, mas de oração e paz.
- Claro que dá pra pensar que essa situação tem reflexos da comemoração do 21 de abril. É medonho o q acontece em Ouro Preto, pois na comemoração de Tiradentes, exemplo da luta (rebelde) pela liberdade e autonomia, a cidade fica sitiada. Políticos que nunca pisaram no município, ou não aparecem com frequência, surgem das catacumbas em busca de suas medalhas lustrosas da inconfidência.
- Por isso, se querem chamar por alguém no 21 de abril, chamem por Tiradentes, por Angu, por João Pé de Rodo e sempre por Sinhá Olympia (presente!), chamem pelos que são da terra. Suas vozes ecoam pelos becos e elas têm algo a nos ensinar...
- A Marielle vive, sim, presente. Eu sei. Ela queria dar voz a um povo oprimido pelas milícias. E Ouro Preto carece de ser ouvido, com seus monumentos históricos cheios de infiltrações e poucos heróis que os defendam. Que testemunham, em silêncio centenário, tantas vozes e ações fora de contexto.
Érica Alcântara
22/04/2019
- Os tapetes são uma tradição religiosa. Então, até que Marielle seja canonizada, escrever seu nome no tapete da Semana Santa, mesmo que para prestar homenagem, me parece fora do contexto.
- Em meio às críticas, a Guarda Civil informou: "que a liberdade de expressão não é absoluta ainda mais quando outros direitos estão sendo afetados".
- 😲🤦🏻♀️Oi? Quais direitos foram afetados? De expressão religiosa? Balela, tinha tapete religioso na cidade toda. A expressão religiosa não foi afetada por meio metro de homenagem.
- A palavra apagada, assim como a vida de Marielle, criou mais força depois de ser pisada pela força armada que a homenagem em si. Apagar gerou mais repercussão que deixar o nome na rua, então, a Guarda Civil só ampliou a liberdade de expressão! O que parece contradição, mas não é. 🤔
- Qual é o dever da Guarda Municipal? Fiscal de tapete da semana santa? Sério mesmo? Penso que o Guarda, neste caso, estava também fora de contexto.
- A tradição dos tapetes é da Igreja ou do Estado? Quem coordena? Quem distribui o material? Quem paga pelo material? Esta ação me fez querer saber mais sobre a construção das obras e a falta de cadastro e organização dos produtores do evento, que deve orientar que estilo de arte está dentro do contexto. Alguém sabe? Chiquinho de Assis? Julliano Mendes? Marcelino Xibil Ramos?
- Em um dos vídeos que assisti era só gritaria, baruelheria, não era homenagem, também não vi como protesto. Parecia uma reunião de adolescentes e o narrador do vídeo confunde a descrição do que o guarda está apagando, primeiro ele diz: que é manifestação pacífica (com aquele barulho?); depois ele muda diz que o guarda está apagando uma tradição. 🤦🏻♀️ Neste vídeo o guarda pede para o cinegrafista: "mais respeito com Ouro Preto". Concordo com ele. Não era a hora do grito, mas de oração e paz.
- Claro que dá pra pensar que essa situação tem reflexos da comemoração do 21 de abril. É medonho o q acontece em Ouro Preto, pois na comemoração de Tiradentes, exemplo da luta (rebelde) pela liberdade e autonomia, a cidade fica sitiada. Políticos que nunca pisaram no município, ou não aparecem com frequência, surgem das catacumbas em busca de suas medalhas lustrosas da inconfidência.
- Por isso, se querem chamar por alguém no 21 de abril, chamem por Tiradentes, por Angu, por João Pé de Rodo e sempre por Sinhá Olympia (presente!), chamem pelos que são da terra. Suas vozes ecoam pelos becos e elas têm algo a nos ensinar...
- A Marielle vive, sim, presente. Eu sei. Ela queria dar voz a um povo oprimido pelas milícias. E Ouro Preto carece de ser ouvido, com seus monumentos históricos cheios de infiltrações e poucos heróis que os defendam. Que testemunham, em silêncio centenário, tantas vozes e ações fora de contexto.
Érica Alcântara
22/04/2019
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