Pular para o conteúdo principal

A menina e o grilo - no banho


Nada sei sobre ele. Estava completamente nua e ele se jogou em mim.
Confesso q na hora nem senti, mas qdo começou a subir... olhei para o danado. Devo ter encarado nos olhos, não sei. Era todo negro, com as patas traseiras apontando para a linha do horizonte como quem fosse saltar para cima.
O grilo e eu no banho.
Chegou na minha intimidade sem ser convidado e pensava o quê? - Me passa o sabonete?
Duvido!
Com tanta grama lá fora, q faz um grilo aqui dentro de casa, do banheiro, no chuveiro!?
Não gritei, o tempo de gritar já passou faz tempo.
Mas não gostei de suas patas miúdas a escalar minha panturrilha desnuda, como pontas de agulhas a firmar o passo na neve.
Pensei:
- Se eu tomasse banho de chinelos talvez o matasse!
Não matei.
Sem movimento brusco q incentivasse o pulo, girei o corpo e deixei a água cair, sobre ele/sobre mim.
Senti aquele prazer bobo de quem, desapercebidamente, se orgulha de si só pelo controle de instinto, de susto, de asco e/ou repulsa.
A água lavou ele para o chão, mas não o fez desaparecer no ralo escuro. Isso certamente aliviaria a dor de vê-lo, a luz do dia, se afogar ao lado dos meus dedos dos pés.
Ele se arrastou com seu corpo de pouco mais de meia polegada, percorrendo longos dez "sentimentros" e parou.
Pensei: - Está morto.
Se houvesse lápides de grilos o que este diria? - Jaz limpo e relutante!? Ou, se pudesse deixar um recado para seus filhos diria: - Mulheres preferem banhos solitários!
Volto para casa tarde da noite. E o grilo? Será cadáver solto no box frio? É nada. Sumiu.
Entro no banho e penso: - Quanto tempo vive um grilo pequeno?
Cerca de 5 meses e/ou um banho!
Érica Alcântara
21/02/2019
#Crônicas #NotíciaseOpinião #Diário #Ler #Opinião

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Até você vir

 Até você vir  O vento era tudo Que ia, que vinha  Até você vir O tempo passava Eu o sentia, lânguido Agora tudo é brisa O tempo desliza Suaves rompantes Coram-me a face Cartas ridículas Cartas eróticas Seu corpo pálido Minha pele morena Seu corpo nu Minha alma despida Érica Alcântara

Isabelense é inocentado após 17 meses de prisão

“A esperança de voltar para minha família me manteve vivo”, disse David João Nunes Inácio por Érica Alcântara David João Nunes Inácio fez questão de começar a sua entrevista na quarta-feira, 23/10, dizendo: “Eu sou isabelense, nasci aqui, trabalhava aqui e não quero deixar esta cidade”. Em abril de 2018 ele foi preso, acusado de participar de um crime que, em dezembro de 2015, ceifou a vida da professora Maria Helena de Oliveira Godoi, assassinada na cidade de Redenção/Pará. Após 541 dias preso, o Juiz de Direito do Pará, em auxílio à Vara Criminal de Redenção, Dr. José Torquato Araújo de Alencar absolveu David de todas as acusações em face da falta de provas. “Não guardo revolta, só a vontade de voltar para minha vida”, diz. O Processo No dia 24/04/2018, David foi preso quando saía do trabalho na Secretaria de Serviços Municipais. Ele ficou preso alguns meses em São Paulo, depois foi transferido para o Pará onde ficou sete meses sem ver a esposa, Luciene Cristina

Sobre a prova de Deus

Setembro de 2004, sentada na varanda de casa reflito sobre Deus.  Mais ainda, penso nas instituições que garantem representá-Lo. Me calo. O Deus por muitas delas defendido é sempre condicionado, por-Tanto, há sempre um preço a pagar.  E o amor nestes termos perde a pureza original, tem preço com QrCode no final. A dura verdade, a verdade mais difícil de digerir é que no fundo-no-fundo não dá para provar a existência de Deus, porque as provas concretas o reduzem a condições limitadas à nossa própria existência. Reduzir o divino é tirar de Deus sua onipotência, é transformar o Criador na própria criatura. Érica Alcântara