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Templo Zu Lai - Cotia

Há uma coisa boa de descobrir novos lugares, eles geralmente despertam em nós parte daquilo que já somos, mas possivelmente esquecíamos.


Ontem, 22/08, estive no Templo Zu Lai. Mais que um espaço para oração, o lugar é um passeio pelo silêncio, não completamente, porque de lá ainda se pode ouvir o barulho dos carros, misturado ao som das águas de fontes e o trabalho dos cuidadores do espaço, que carregavam caixas e materiais
de um lado para o outro.

O silêncio é o modo como sentimos o lugar que ocupamos, mas sem precisar de palavras, ou traduções.

Caminhar entre colunas de sustentação, cada qual com um nome gravado em placas de cobre.
Cada entalhe revela uma família, formando juntos uma grande e nova família que sustenta os jardins e salões de prece e agradecimento.

Que seu pedido seja para o bem de todos. Está escrito na parede para aqueles que pretendem acender um incenso.

Doutro lado da porta do salão principal um móvel com duas caixinhas diz: escolha a mensagem do Darma (equilíbrio), em inglês ou chinês. Escolhi de olhos fechados um rolinho amarelo, preso por um elástico que diz:

"As emoções podem ser causa de aflição se acreditarmos que devem ser escondidas e dominadas".

Que sejamos fortes o suficiente para sentir e expressar nossas mais sinceras emoções.

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Qdo comecei a escrever este texto nem sabia, que das figuras mais representativas do Templo, a de Buda e a de Guan Yin (a Deusa da Misericórdia), esta última  o nome é uma abreviação de Guanshiyin, que significa "Observar os Sons do Mundo".

E pensar que comecei falando de silêncio!!!! Bem, fica a dica, não é preciso ser budista, ou amante desta crença. Recomendo o passeio pelo simples prazer de ouvir teu silêncio, enquanto observava os sons do mundo 😉

Érica Alcântara

23/08/2018



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