Todo ano podia ser ano de eleição. De repente, como um passe de mágica multiplica-se pelos municípios um monte de gente que tem a receita da felicidade e a solução de todos os problemas.
Contando que o povo tenha memória curta, em ano de eleição as estradas, antes abandonadas, começam a virar tapete, as crianças passam a merecer diversão e os buracos das ruas que beiravam o absurdo começam a ser fechados.
Como mágica, de repente os recursos antes escassos surgem para investimentos necessários por três anos, mas que sempre eram ditos inexistentes.
Todo ano podia ser ano de eleição, quem nunca foi a sessão de câmara vira produtor de projetos, uma máquina de resolução de conflitos que, em sua maioria sequer sabe que suas propostas são ou imorais, ou ilegais.
Ironias à parte, esta semana um amigo filósofo, Thiago Bittencourt, publicou um texto que achei maravilhoso e condizente com minha ideia de democracia, diz ele:
“Curiosidade sobre uma época mais altiva da humanidade: na chamada democracia ateniense, aliás a primeira democracia do mundo, todos os cidadãos eram obrigados por lei a ocupar um cargo público pelo menos uma vez na vida, por outro lado, nenhum cidadão poderia ocupar um cargo público mais de uma vez, assim todos eram obrigados a participar, mas não havia espaço para ‘profissionais’ da política criarem herdeiros, nem se perpetuarem no poder. Além disso, por uma questão de sobriedade, a democracia originária não permitia governo por representação, ou seja, os cidadãos precisavam ir às reuniões da assembleia e se manifestarem pessoalmente. Nada do que era público podia ser secreto”.
Eu sonho com um tempo de cidadania.
No fundo, no fundo... se todos os homens e mulheres vivessem a democracia e exercessem a sua cidadania, ao final de uma campanha pouco importa quem vença.
No fundo, no fundo... se todos os homens e mulheres vivessem a democracia e exercessem a sua cidadania, ao final de uma campanha pouco importa quem vença.
Pois se a população participasse de verdade da vida de seu município, pararia de julgar que todos os problemas são do poder público e passaria a entender que cada problema que a circunda é parte de cada um dos moradores que habitam as cidades deste país.
As pessoas acabariam com o pré-conceito de classificar todo político de ladrão, por que entenderiam que eles são fruto de suas escolhas. E os possíveis ladrões que se oferecem para cargos públicos e se especializam em burlar o sistema tomando do povo pelo menos um terço de seus recursos próprios, sentir-se-iam sempre em ano de eleição, sempre julgados pelos seus atos e bem menos afoitos a assar e queimar em fogo brando o pão dos homens que lhe deram voz.
Arquivo de 24/09/2012
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