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Denúncia mobiliza comunidade para ajudar família isabelense


Solidariedade melhora a qualidade de vida de um idoso que, apesar do frio, dormia no chão sobre duas mantas

Por volta das 11h da manhã de segunda-feira, 03/07, uma denúncia de violência contra o idoso mudou o destino de uma família. Um filme enviado para o WhatsApp do Jornal Ouvidor contendo imagens de um homem de idade avançada, notoriamente debilitado,mobilizou a equipe de reportagem. O que se vê na filmagem: um idoso no quintal de uma casa, sentado no chão ao lado de um cachorro esquelético.
Acionada, a Polícia Militar chegou ao local em aproximadamente dez minutos. Abordou A.F., 34, que lavava o quintal aonde o idoso fez suas necessidades. Dentro da casa humilde, P.H. 32, dava banho em seu pai adotivo: “Banho com água quente”, ressaltou o policial que atendeu a ocorrência.
Apesar de ser um homem forte, ao ver a viatura da PM na porta de sua casa P. desabou, chorou ao lado do pai enquanto o vestia. “Às vezes eu tenho vontade de ir até a delegacia e me entregar, vou dizer que abandonei meus pais e pedir para que me prendam. Se eu for preso minha esposa vai embora com meu filho para morar na casa da avó, aí o Estado será obrigado a acolher meus pais, por que eu já não tenho condições”, confessou.
P. é trabalhador, todos os envolvidos na ocorrência o reconhecem como funcionário de um mercado da cidade. Com os pais doentes, o filho conta que o pai J.P. é portador de uma série de enfermidades, entre elas um reumatismo crônico que tirou a mobilidade das pernas. A mãe permanece internada na Santa Casa após sofrer diversos AVCs (acidente vascular cerebral). A esposa A. F. deixou o trabalho para cuidar dos sogros e do filho, por isso a única renda fixa de toda a família é de P.
“Só de aluguel pagamos  R$700, fora luz e água que é compartilhada entre os vizinhos que reclamam do nosso gasto, pois precisamos lavar a casa, as cobertas e os tecidos sujos de fezes. Meu sogro arranca a fralda, acaba sujando tudo e precisamos lavar, por isso também gastamos muito com produtos de limpeza”, revela A.
Sobre a mesa uma porção de medicamentos, P. conta que é apenas uma parte do que o pai necessita. “A maioria conseguimos no posto de saúde, o resto temos que comprar”. Como o idoso é obeso a cama comum não o suportou, está quebrada e os pedaços estão amontoados no quintal. “A gente cobre o chão com as mantas, não temos outra cama e o colchão não conseguimos aproveitar por causa da urina e das fezes”, conta.
A família mora ao lado do CRAS - Centro de Referência da Assistência Social e do CCI -  Centro de Convivência do Idoso, A. conta que outras denúncias já levaram os representantes da prefeitura à sua casa. “Eu tenho o hábito de falar alto e eles gritam frequentemente, mas em nossa casa não tem maus-tratos, tem é carência mesmo”, confessa timidamente.
O Conselho do Idoso compareceu ao local representado pelo vice-presidente Paulo Maduro, que já na quinta-feira contou que a família receberá, na próxima segunda-feira, uma cama nova para o idoso, feita especialmente para suportar o peso. “Um empresário se solidarizou com a situação e fará a doação. Além disso, uma entidade se propôs a doar um colchão hospitalar, de alto custo, que poderá ser limpo sem que o idoso tenha que dormir no chão novamente”, contou. Nenhum dos benfeitores quis se identificar, segundo Maduro, seguem a máxima: “o que a mão direita faz, a esquerda não precisa ficar sabendo”.

Ação da polícia

Os soldados da Polícia Militar que atenderam a ocorrência primeiro verificaram a veracidade dos fatos, se havia maus-tratos ou não. Ao identificar a situação real da família foram solidários e ofereceram apoio moral e psicológico. Quando o filho do casal, de dois anos e meio, viu os soldados ficou notoriamente emocionado e pediu para ver como era a viatura por dentro. “Acho que é o momento mais feliz da vida dele”, disse a mãe emocionada.
Além de oferecer apoio, após o expediente os policiais voltaram à residência com algumas doações de alimento e fralda.  - Graças a denúncia anônima a vida desta família mudou e promete mudar ainda mais, diz Maduro destacando a importância de constatar que, em Santa Isabel, ainda existem pessoas dispostas a, voluntariamente, promover o bem.

O Cão

Um cachorro que era da comunidade adotou o pai de Paulo. O cão está sempre ao lado do idoso, mas até ele ficou doente. Dócil e esquelético, ele tem feridas no focinho e nas patas, por isso o cachorro deixa pingos de sangue por onde passa. Sem recursos para cuidar do animal, a família chamou a zoonoses, “nós não temos como cuidar, por isso oferecemos o que podemos”, disseram. Ontem, dia 07/07, a equipe do setor de Zoonoses da Prefeitura de Santa Isabel compareceu na residência e recolheu o animal para tratamento.

Reportagem publicada na edição 1132 do Jornal Ouvidor

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