“Quando me
tornei mãe, aprendi a dar mais valor e a amar ainda mais a minha mãe”, diz
Caraça
Aos 19 anos
Regiane Caraça, descobriu que estava grávida. Não bastasse a surpresa, aos seis
meses de gravidez o pai de seu bebê a deixou sozinha. O rapaz já havia
engravidado outra jovem e terminou o relacionamento para ficar com a outra
grávida. Havia muitas possibilidades de que tudo desse errado, “mas os valores
e princípios que meus pais me deram foram a base para que diante de toda aquela
situação eu me reerguesse como mãe, mulher e policial”, recorda Soldado Caraça.
Ao lado do filho Ricardo Miguel Caraça, 12 anos,
Regiane lembra sua trajetória. Ela terminou o ensino médio em dezembro e em
janeiro de 2004 descobriu a gestação. A avó Cleonice já sabia, sonhou com o
neto antes da filha descobrir e a amparou em suas dúvidas quando elas surgiam.
Até o nome
de Miguel veio entre sonhos, quando Regiane sonhou com o arcanjo Miguel parado
à beira de uma estrada, portando a sua espada protetora, diante de uma casa
antiga com o nome desenhado no teto, como uma tatuagem na madeira.
“Quando ele
nasceu eu olhava para aquele ser pequeno chorando e não sabia o que fazer, meu
pai Ricardo o pegava no colo e ele imediatamente parava de chorar, meu pai
sempre soube os sons do choro, é como a minha irmã Regina, que identifica em
cada nota de gemido de um bebê o que ele deseja ou necessita”, conta Caraça.
Depois que
Miguel nasceu ela começou a procurar emprego, mas nada. Seu padrinho, Capitão
Martins, sugeriu que ela fizesse a prova para Polícia Militar, ela fez. No dia
da prova de aptidão física, recorda entre risos que nunca havia passado horas
longe do filho e pouco tempo depois de iniciadas as atividades, seus seios
vertiam leite materno, mesmo assim não parou, ela correu sem medo. “Eu tinha
uma consciência, reafirmei isso na prova psicológica, eu tenho um filho e quero
dar uma vida para ele. Quando me tornei mãe, me descobri uma mulher mais forte
e uma policial por vocação”, revela.
Apaixonada
pela profissão, Soldado Caraça é tão disciplinada em casa como na corporação.
Segundo Miguel em casa há regras e horários determinados para todas as
atividades e no fundo ele até entende, por que sabe que são expressão da
proteção de mãe. “Só podia ser um pouco menos, já estou grande e ela ainda me
dá roupas de criança, como camisas de ursinho e cuecas de desenho animado
(risos)”, diz timidamente.
Quando
questionada sobre uma mensagem do Dia das Mães Regiane é direta, sem romantismo
ou frases piegas fala de responsabilidade, para que as pessoas não se percam no
que ela chama de vitimismo, uma espécie de síndrome de coitadinho em que a
culpa é sempre do outro. “Somo responsáveis pelo que fazemos. Eu não me fiz de
vítima, quando me vi Mãe entendi que essa criança é minha responsabilidade e
nela encontrei muitas oportunidades de ser feliz. Amadureci e me transformei
numa pessoa melhor. A gente vira mãe e não sabe mais aonde encontra a coragem,
ela simplesmente vem”, finaliza.
Secretamente Miguel fez uma
mensagem para a mãe, segue:
“Mãe,
obrigado por tudo o que você fez por mim, mesmo passando por muitas dificuldades
você esteve lá, mesmo não estando sempre ao meu lado você rezou por mim,
obrigado por tudo. Feliz Dia das Mães!”.
Publicada no
Jornal Ouvidor ed. 1124, 12/05/2017.
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