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Tenho esperanças, mas não alimento ilusões


Ano novo, vida nova. Adoramos esta frase, acredito que seja por ela nos dar a esperança de que existe a oportunidade de começar de novo. Particularmente não alimento esta ilusão. Não dá pra começar de novo, voltar ao útero materno e refazer o parto, o desligamento do cordão e os primeiros passos.
A vida pode ser cíclica, mas o tempo, este implacável amigo de todas as horas, o tempo é sempre linear. E todos nós avançamos rumo ao futuro incerto. Tecendo com cada palavra, com cada novo gesto, o amanhã - que descortina sobre nós a cada instante.
Somos o que fazemos. E repetidamente nos esquecemos disso, da importância de nossas atitudes sobre nós mesmos e sobre as pessoas a nossa volta. Um papel de bala no chão parece pouco, mas se 54 mil pessoas pensarem assim não haverá terra para tanto laminado, nem bueiros para tanto lixo.
Você faz a diferença. Seu voto hoje tem voz, corpo e sangue nas veias. Está na gestão, nos gabinetes governamentais, assinando papéis que determinam como seremos interpretados no futuro próximo, dentro da história.
Desejo que tua escolha mantenha tua capacidade de agir intacta. Que contrariando a preguiça e a omissão, você ainda seja protagonista de tua cidade, ciente de que uma sociedade se constrói em conjunto. E toda perda, toda tragédia (como a do sistema carcerário) é uma perda conjunta, de ações conjuntas, mesmo que essa tenha sido a de se calar.
Por isso, acima de tudo, desejo que tenhas voz, pois nas mais diferentes tecnologias da informação, nós continuaremos mais um ano aos teus serviços, teu sempre Ouvidor.

Érica Alcântara, publicado na Edição 1107 do Jornal Ouvidor de 14/01/2017


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