A estrada de terra, dura, difícil, em ondas. No Cafundó de Santa Isabel encontrei um tesouro. Uma Mulher da terra, com suas galochas pretas, caminha passo firme, empurrando o carrinho de mão. O cachorro, desprovido de raça e de latas, também é preto. Se esconde embaixo do carrinho, logo que o carro para. Benedita Camargo, 68, não sabe aonde está a rua que quero, desconhece a Dona Maria que procuro. Fala sempre sorrindo, mesmo que seja sorriso de vento. É linda. É forte. Mulher. Digo: "Já lhe disseram como você é bonita?" Cora a face respondendo: "Sou nada". "É tudo, tá linda com este chapéu da cor da terra da estrada. Posso fazer um retrato?" Deixou, mas não sorriu. Olhou firme para o horizonte, nem se mexeu. Tímida, olha a fotografia meio desconfiada. Aceitou o abraço de gratidão, alertando: "Tô suja, empoeirada" "Quem não está nesse calor de meu Deus?", disse. Ela me disse para seguir em frente, segui. Érica Alcântara
Todo mundo tem histórias para contar. Eu quero escrever a sua. Vamos lá?